Navegando pelo Facebook, dei com este texto de José Lúcio Ribeiro de Almeida, publicado pela minha amiga e colega Helena de Castro. Claro que aprendi mais umas coisas, pois se o autor diz que ainda diz que continua a aprender (cf. o meu artigo "Aprenda a ouvir Fado"), quem sou eu ? Faça como eu, leia e aprenda ... Por Amor ao Fado !
Passo a citar José Lúcio Ribeiro de Almeida :
Não invente Histórias sobre o Fado
Se gosta de Fado é importante que
não o maltrate. Se gosta de Fado é importante que leia vários livros
sobre Fado para que depois possa formular a sua opinião, baseada em
factos minimamente racionais. É que cada vez mais encontro
"especialistas na matéria a mandar palpites sobre o assunto e não vejo
ninguém com a coragem de lhes perguntar: onde é que foi buscar essa
afirmação.
Se não gosta de ler muitos livros aconselho o livro de
Eduardo Sucena, Lisboa, o Fado e os Fadista, que se lê muitíssimo bem e
pode muito bem acontecer que fique desperto para o assunto. Claro que
para o amante de Fado o livro " A triste Canção do Sul", publicações D.
Quixote, de Alberto Pimental é fundamental. Porque ao ler este livro vai
entender as grandes asneiras que se dizem sobre o Fado por pessoa
importantes, que deviam ter uma grande responsabilidade sobre o assunto.
Dar algo ao Fado é uma coisa, viver do Fado é outra. Cantar o Fado é
uma coisa, investigar sobre o Fado é outra.
As origens do Fado
Quando se fala na origem de uma música, a primeira coisa que o
investigador deve ter em conta é o estudo histórico e geográfico do
assunto. Antes de nascer o Fado primeiro teve de nascer a pessoa que o
criou ou cantou.
As afirmações que não deve fazer. Ou se quiser faça, mas prove que tem razão.
O Fado é a Canção Nacional - (mentira)
O Fado é uma canção urbana de Lisboa, que foi bem aceite pelos
portugueses e passou a ser cantada em todo o território nacional.
O Fado tem origem Árabe - (mentira)
No sul de Portugal onde a cultura e tradições árabes se mantiveram por
mais tempo, não há na sua literatura, qualquer referência a este tipo de
canção. Também não se esqueça de que o tipo de escalas utilizadas nas
músicas árabes nada têm a ver com as utilizadas no Fado.
Na batalha de Alcacér-Quibir não existiram Guitarras.
As crónicas da batalha de Alcacer-Quibir (norte de África), foram
feitas por um monge francês Caveral e escritas em Francês. Alguém
traduziu a palavra "Guiterne" para Guitarra. A "Guiterne" é um
instrumento parecido com as nossas Viola de Arame. A Guitarra
Portuguesa, ainda não existia.
O Fado é uma Canção de Marinheiros - (mentira)
O Fado é uma canção Lisboeta. Portugal te 700 km de costa e com tal muitos marinheiros. A escola de marinheiros era em Sagres.
Quando falar de Fado não se esqueça de dizer de que tipo de Fado está a falar:
Fado - Fado
Fado Canção
Fado Revisteiro
Fado Tauromáquico
Fado Brejeiro
Fado a Atirar
Fado Político
Olarilolé... o Fado foi utilizado como arma política pelos republicanos contra a monarquia.
Tipos de Fados
Fado-Fado
Canção do ambiente tradicional Fadista, onde se incluem os Fados
tradicionais. Para a mesma música existem vários poemas. Por exemplo, o
fadista ou a cantadeira diz à “parelha” (Conjunto de Guitarra e Viola),
vou cantar o poema “tal” no Fado Alberto em Mi. A Parelha faz a
introdução e o fadista ou cantadeira utilize o suporte musical do Fado
em questão para cantar um poema que não corresponde ao poema original
desse Fado
Fado Canção
Fado musicado com letra própria. A música
e o poema são sempre os mesmos. O que não quer dizer que não tenha
acontecido alguém fazer uma letra diferente, Mas
por hábito não
acontece.
Fado Revisteiro
Fado incluído numa revista, com refrão
repetitivo que tinha por função cativar os espectadores, associando a
melodia ou refrão a Revista em si tentando angariar mais público.
Normalmente era um fado polémico e servia de crítica social actualizada,
tendo por finalidade, criticar alguém importante fugindo às malhas da
censura e da "PIDE". Como exemplo o Fado da Bomba da Revista Pé de Dança
(1931). Tem a ver com a mudança sucessiva de governos e com a
instabilidade do país.
Fado Tauromáquico
Relata, em jeito de
história, ambientes ou acontecimentos vividos nas Praças de touros
durante as corridas, ou histórias com Cavalos ou touros. Exemplo “ A
última tourada em Salvaterra ou o conhecido “Cavalo Russo”.
Fado Brejeiro
Fado que tinha como função contar determinadas histórias em versos,
normalmente quadras. Não utilizava palavrões mas sim, frases que davam a
entender a situação. O Fadista Joaquim Cordeiro foi, na época um dos
principais. Eram utilizadas as chamadas quadras de pé quebrado. Rimava,
mas fugia ao
palavrão.
Fado a Atirar
Quando o Fadista (homem) ou
Cantadeira (mulher) não era pago ou não pertencia ao elenco da casa de
Fado e precisava de dinheiro, improvisava uma letra, com um suporte
musical conhecido, para que os clientes lhe “ATIRASSEM) dinheiro.
Se não concorda ou encontrou gralhas na escrita ou frases mal construídas, diga da sua justiça.
jose-lucio@netcabo.pt
José Lúcio Ribeiro de Almeida
Bem haja, José Lúcio Ribeiro de Almeida.
Obrigada, Helena de Castro