Quem sou eu

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Sou português, filho de pais incógnitos. Nasci em Lisboa, percorri Portugal e pela mão de Amália Rodrigues, corri mundo. Estou em toda a parte em que haja um português. Sou um capítulo de cultura portuguesa e a expressão máxima de Portugal. O Menor foi meu pai e minha mãe, o Mouraria é meu amante e casei-me com o Corrido. Tenho muitas namoradas, as Meninas Músicas filhas de distintos pais, os Meninos Poemas também namoram com elas, amo os Poetas ♥ ! Para fazer pirraça sou dedilhado numa guitarra, por vezes choro outras rio ... A D. Viola dá-me a marcação. Muito se diz sobre mim e eu continuo a ser mistério, sou amante, namorado, sou casado e sou galdério, sou leviano, atordoado mas também sei ser sério. Gosto da luz da candeia e do cintilar das velas, mas também gosto dos holofotes e do palco, sou vaidoso, sou boémio, sou artista, sou sofredor, sou alegre, sou verdade, sou português e por isso sou fadista! Gosto que me cantem bem, que me digam bem e que não me troquem as palavras... Posto isto, sou a canção mais bela do mundo ♥ !

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Origem de Mário Raínho

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terça-feira, novembro 22, 2011

Permita-me que me apresente.... eu sou o FADO...

Uma vez não é costume, por isso hoje em vez da moldura dum poema vou publicar uma coisa que achei na Net e que acho interessantíssima. Não só pela maneira como está escrita mas também pelas verdades que contém sobre o misterioso Senhor Fado♥ !


"Permita-me que me apresente.... eu sou o FADO. 
 
Por favor não me confundam com o meu homónimo "fado" que tem a sua origem no vocábulo latino "fatum", que quer dizer destino, aquilo que tem de acontecer.
Não, eu sou o FADO, expressão musical umas vezes cantado, outras maltratado, tratado de vadio e no sentir, dos mestres, choroso nas cordas de uma Guitarra Portuguesa.

Mas já que a nossa cultura parece ser parente próximo do meu homónimo, por favor dêem-me o privilégio de me defender.
Não me façam velho, porque não o sou e não me troquem a nacionalidade, porque tenho muito orgulho em ser português.
Se querem saber o nome dos meus pais não leiam certidões de nascimento erradas. Sejam cuidadosos na procura.

Se por vezes sou melancólico, não nasci no Norte de África, caso contrário teria casa no Algarve (último reduto da cultura Muçulmana).

Há quem confunda o meu gingar com o balancear das Caravelas. Pouco provável. Sabem é que eu enjoo, senão teria aproveitado os cruzeiros do Infante D. Henrique e seria personagem célebre dos nossos Descobrimentos. Que eu saiba, Luís de Camões não era fadista.

Já agora e aproveitando o tempo que me estão a conceder fazia uma pequeno reparo às pessoas que elaboram os dicionários e as enciclopédias. Não leiam só o livro do Tinop. Procurem outras opiniões. Certamente passariam a conhecer-me melhor.

Alberto Pimentel chamou-me de "Triste Canção do Sul". Se por um lado fiquei triste (não se esqueçam que eu já entrei no teatro de revistas!). por outro lado fiquei a saber que um senhor chamado Lacerda, na quarta edição de um dicionário que elaborou, deu-me a conhecer em 1874. Se não faço parte de dicionários anteriores, ou fui criança durante muitos anos, ou então tenho razão: não sou muito velho.

Querem que eu seja a canção nacional mas os meus amigos não vão na conversa. Não represento os Viras minhotos nem as Arruadas alentejanas, não sei fazer o sapateado do Fandango nem as voltinhas do Corridinho algarvio.

Os mais letrados querem que eu seja doutor mas, se é certo que Augusto Hilário me levou para Coimbra, os estudantes criaram uma Guitarra e uma maneira própria de cantar.

Eu sou o Fado de Lisboa, embora tenha um primo que estudou em Coimbra, que se veste de capa negra e batina, que se chama Balada. 

Ainda não havia telenovelas, já queriam que eu fosse brasileiro. Confundir danças de umbigada, destinadas a distrair os marinheiros, com FADO, só porque no Brasil existia essa dança, é o mesmo que pedir ao seu mecânico para colocar no seu automóvel, aquando da revisão, velas (de pano).

Os mais saudosistas defensores do nevoeiro (desculpem o aparte, por acaso as raparigas do Boletim Meteorológico até são simpáticas) querem que eu também tenha participado nas desavenças de 4 de Agosto 1578, onde El Rei D. Sebastião se perdeu em Alcácer Quibir. Estas crónicas foram feitas em francês por um senhor chamado Caveiral.

Alguém pouco cuidadoso traduziu para português, a palavra Guiterne (viola de arame) como Guitarra, não desfazendo... até tem uma bela sonoridade.
A propósito de Guitarra Portuguesa. Sabem como a conheci? Encontrei-a na esquina de uma rua e "vivemos o amor com caráter de urgência", parafraseando Fernando Pessoa.

Como o Sol ainda vai alto e o burrinho anda bem se querem saber mais de mim arranjem um tempinho da vossa vida agitada e leiam o livro que o José Lúcio escreveu. Para os entendidos ele não vai contar novidades, para os estudiosos talvez encontrem pontos de discórdia, mas como da discussão nasce a luz, acendam-se as velas porque se vai cantar o Fado.

Mais não digo e aos costumes disse nada.

Do vosso amigo.

O Fado



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