Quem sou eu

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Sou português, filho de pais incógnitos. Nasci em Lisboa, percorri Portugal e pela mão de Amália Rodrigues, corri mundo. Estou em toda a parte em que haja um português. Sou um capítulo de cultura portuguesa e a expressão máxima de Portugal. O Menor foi meu pai e minha mãe, o Mouraria é meu amante e casei-me com o Corrido. Tenho muitas namoradas, as Meninas Músicas filhas de distintos pais, os Meninos Poemas também namoram com elas, amo os Poetas ♥ ! Para fazer pirraça sou dedilhado numa guitarra, por vezes choro outras rio ... A D. Viola dá-me a marcação. Muito se diz sobre mim e eu continuo a ser mistério, sou amante, namorado, sou casado e sou galdério, sou leviano, atordoado mas também sei ser sério. Gosto da luz da candeia e do cintilar das velas, mas também gosto dos holofotes e do palco, sou vaidoso, sou boémio, sou artista, sou sofredor, sou alegre, sou verdade, sou português e por isso sou fadista! Gosto que me cantem bem, que me digam bem e que não me troquem as palavras... Posto isto, sou a canção mais bela do mundo ♥ !

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Origem de Mário Raínho

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♥ Fados e temas de Amália Rodrigues ♥

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quinta-feira, novembro 24, 2011

Sobre as origens do Fado ...



  
- O fado era aquela música que os marinheiros portugueses, tomados pela saudade, já cantavam nas caravelas, certo?

Eeerh... Por acaso, não. As origens do fado continuam a ser muito discutidas, mas nas caravelas de certeza que nunca embarcou. É que a palavra, usada num contexto musical, só começou a aparecer em finais do século XVIII. A primeira descrição documentada do género "fado" data de 1827 e foi feita por um capitão francês que andou a cirandar pelos portos do Brasil.


- Mas nos portos do Brasil do século XIX já havia mulheres vestidas de preto a queixarem-se da vida?

Nada disso. O que havia então era negros a dançar o "fado".


- Como assim? 0 Fado dançava-se?

No Brasil, sim: era uma dança com profundas influências africanas. O tal capitão francês classificou-a como "voluptuosa", que à época era uma maneira de dizer "provocante" e "erótica". Uma pouca-vergonha, enfim...


- Ora essa. E como é que se transformou no fado que conhecemos?

Esse é o grande mistério. Aliás, há quem recuse a origem brasileira, apontando influências árabes, ou quem - caso do investigador José Alberto Sardinha - defenda que se trata de uma criação 100% nacional, nascida do romanceiro tradicional, que chegou à capital através dos músicos itinerantes. O certo é que ainda na primeira metade do século XIX o género já é identificado em Lisboa, sobretudo nos bairros de má fama.

- Por volta de 1830, a expressão "casa de fado" era usada como eufemismo de um estabelecimento dedicado à prostituição. Mais pouca-vergonha?

O inicio da história do fado está cheio dela. Aliás, se chamássemos fadista a alguém no século XIX corríamos o risco de ser agredidos. A palavra era um sinónimo de marginal e de prostituta. Foi para fugir a esta conotação que as palavras "cantador" e "cantadeira", ainda hoje usadas, foram criadas. Sim, porque a famosa Severa era prostituta. A Severa é o grande mito fundador da história do fado, e dela se sabe muito pouco, para além de ter nascido em 1820 e morrido aos 26 anos. Mas sim, a senhora era prostituta e cantora de fados. O Conde de Vimioso apaixonou-se por ela e a longa ligação entre ambos terá aberto as portas do fado aos meios intelectuais e aristocráticos. 

- E depois?

Depois a popularidade do fado não parou mais de crescer, ultrapassando as diferenças de classe. A Severa foi cantada e foi pintada e o fado foi aos poucos afirmando-se como um elemento fundamental da cultura urbana lisboeta. Mas até aos anos 30 do século XX continuou a ser uma actividade amadora. 

- O que aconteceu nos anos 30? 
A rádio e o disco conduziram à sua profissionalização. E depois o Estado Novo, para poder controlar um meio potencialmente subversivo, instaurou a obrigação de cada fadista ter uma carteira profissional para cantar em público e ser remunerado por isso.


- Foi a partir daí que começaram a aparecer as casas de fado como hoje as conhecermos?

Exactamente. A partir daí começou a surgir a cultura da casa de fados, mais a respectiva iconografia fadista - o xaile, o silêncio, as luzes baixas - e a formar-se o conjunto de fados tradicionais. 

- O que é isso dos fados tradicionais? 
Os especialistas defendem que todo o fado entronca em três melodias básicas: Fado Menor, Fado Corrido e Fado Mouraria Em cima deles nasceram muitos outros fados, chamados tradicionais ou clássicos (as opiniões dividem-se sobre o número, variando entre os 150 e os mais de 300). 
Esses fados, ao contrário dos fados-canção (geralmente compostos a partir de um poema especifico), não têm refrão, respeitam certas estruturas melódicas, suportam as letras mais variadas e abrem um grande espaço de improvisação ao cantor e ao seu estilar. 

- Ao seu quê?

Ao seu estilar. O "estilar" é a assinatura do fadista, aquilo que o torna original. Tem tudo a ver com a capacidade de improvisação e de criar as chamadas "voltinhas" por cima de um mesmo colchão melódico. É isso que faz com que o mesmo Fado Vitória cantado por Amália em "Povo que Lavas no Rio" ou por Fernando Maurício em "Igreja de Santo Estêvão" possa parecer duas canções totalmente distintas. Fadista que é fadista improvisa e inova. 
Fadista que não é fadista limita-se a copiar o próximo - e a abrir muito a goela no ataque final.
In "Fado-Tótós" de João Miguel Tavares - Time Out Lisboa de 16 de Novembro 2011
http://lisboanoguiness.blogs.sapo.pt/

4 comentários:

  1. Levino simões do viso26 de maio de 2012 às 00:11

    De todas as maneiras de "como nasceu o fado",essa parece a mim,como a mais esclarecedora.Mas,independentemente de cvomo nasceu, trata-se de um ritmo maravilhoso de se ouvir e ver.Se não sabemos onde nasceu,não importa,o que interessa é onde vive.Viva o Fado.

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